E o fetiche?
Como pode interferir na vida sexual do casal?
Será um
desvio, um comportamento anormal ou até pecaminoso?
Fetichismo,
na psicanálise, significa “desvio do interesse sexual para algumas partes do
corpo do parceiro, para alguma função fisiológica ou para peças do vestuário,
adorno” (“Dicionário Houaiss”).
O termo
começou a ser usado com essa conotação a partir dos estudos de Freud, pois,
originalmente, a palavra vem de “feitiço” e designava um objeto a que se
prestava algum tipo de culto, ou possuidor de poderes mágicos. O psiquiatra
Albert Zeitouni, baseado na teoria freudiana, esclarece que “a criança, ao
perceber que a mãe não possui um pênis, recusa-se a aceitar essa realidade
porque acredita que o seu órgão masculino também poderá ser perdido, então cria
um substituto para o pênis da mãe, que é o fetiche”. Segundo ele, o fetiche se
estabelece como um estímulo sexual durante a infância, e quando o homem
torna-se adulto não o abandona em troca da pessoa total, pois o fetichista acredita
que precisa daquele objeto ou parte do corpo feminino para conseguir a ereção.
Os tipos de
fetiches mais comuns são os relacionados às partes do corpo da mulher, como
pés, unhas, mãos, além dos objetos femininos, como meias, sapatos de salto
alto, “lingeries”. Na prática sadomasoquista – aquela que envolve a dominação
de um dos parceiros – são utilizadas roupas e objetos de couro, além de
chicotes. A psicóloga Márcia Bittar Nehemy, especialista em Sexualidade,
realiza terapia de apoio e diz que a psicologia considera que todas as pessoas
são fetichistas em algum grau, mas muitos não conseguem obter prazer sexual sem
o seu fetiche.
O
evangelista da Assembléia de Deus João Luiz Paim da Silva, estudioso do
assunto, garante: “O fetiche moderno, que muitos julgam inofensivo, é uma porta
aberta para o diabo”. Como exemplo, cita o fetiche por pés e pergunta: “Como
será se o homem que gosta de pés encontrar e desejar outro pé, que não o da
esposa, pela rua, e começar a segui-lo? Certamente, logo virá o adultério.”
Pastor da Igreja Batista Nacional, Disney Macedo acredita que os fetiches que
não desrespeitam a relação do casal podem fazer parte da vida íntima dos
cristãos. Isso se houver um acordo entre eles, sem, no entanto, incluir o
sadomasoquismo. Nessa perspectiva, o homem tem de ter domínio próprio e, por
isso, pode utilizar um fetiche, mas nunca ser dominado por ele.
Quando
atinge níveis patológicos, causando constrangimentos, o fetiche é visto como um
problema. Outras vezes, pode “apimentar” a relação entre o casal, embora muitos
cristãos considerem qualquer coisa ligada à sexualidade como pecado e não como
algo prazeroso. A sociedade explora cada vez mais o fetichismo, mas o que
acontecerá se as pessoas não amarem mais umas às outras em sua totalidade, pela
sua beleza física, mental, intelectual e caráter, mas, sim, desejando apenas
uma de suas partes ou um de seus objetos de uso pessoal? Esse questionamento é
feito por Maria Andrade, 40 anos, que teve um marido fetichista. “Ele não me
via como mulher. Eu era apenas um pé e, para agradá-lo, acabei ficando
obsessiva em cuidar dessa parte do meu corpo.” Hoje, garante que minimizou
bastante o problema, mas precisou passar por tratamento com um sexólogo.
Muitas
pessoas usam, de fato, a criatividade para “apimentar” a relação a dois, com a
inclusão de carícias, “lingeries” sensuais, mudança de posições, etc. Até mesmo
os casais evangélicos são estimulados, em muitas denominações, a ousarem no
sentido de dar prazer ao parceiro e demonstrar o carinho e o amor que um tem
pelo outro. Assim, marido e mulher são legitimamente motivados a erotizar a
relação, isto é, investir em novidades.
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