'Melhor é
serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho: se um cair, o
outro levanta o seu companheiro. Mas ai do que estiver só, pois, caindo, não
haverá quem o levante. Também se dois dormirem juntos, eles se aquentarão. Mas
um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe
resistirão. O cordão de três dobras não se quebra tão depressa' (Eclesiastes 4:
9-12).
O texto que
abre a nossa reflexão foi escrito por Salomão, filho do rei Davi, e que foi
considerado o homem mais sábio de todos os tempos. A passagem serve-nos de
exemplo, quando vemos Salomão nos falar de um relacionamento consistente entre
duas pessoas, com alvos e propósitos definidos. Mas quando olho para o texto me
pergunto: por que ele não é realidade na vida de muitos casais? O que estamos
presenciando em nossos dias é, infelizmente, o oposto dessas palavras
proferidas por Salomão.
Veja bem que
o texto eclesiástico mostra ao homem a importância que tem o casamento em sua
vida: “melhor é serem dois do que um”. O valor do matrimônio e a constituição
de uma nova família estão expressos em todas as letras e devem ser o alvo
primeiro de todo cristão. E por quê? Porque juntos resistirão aos dias maus, às
gigantescas ondas que se alevantam, às tempestades horrendas e à solidão. Porém
é impressionante como, mesmo depois de casados, muitos casais vivem solitários
dentro de um mesmo universo e passam, individualmente, a querer lutar contra os
obstáculos do dia-a-dia e a buscar os seus próprios interesses.
As casas de
muitos casais se tornaram como as grandes metrópoles brasileiras: povoadas,
porém, focos de grande solidão. São pessoas que vivem debaixo do mesmo teto,
fazem as suas refeições juntas, dormem lado a lado na mesma cama, fazem sexo
quase que diariamente, caminham de mãos dadas, entretanto, mantêm uma distância
emocional, espiritual e íntima enormes. Conversam, mas não se comunicam. Moram
juntas, mas ainda não constituíram o verdadeiro lar. E esse paradoxo tem
refletido negativamente na vida de muitos solteiros, que dizem: “se muitos
casados vivem solitários, então é melhor me sentir solitário sozinho”. Alguém
já escreveu que a pior solidão é a que se manifesta entre duas pessoas.
Creio, como
conselheiro familiar, que o casamento foi o antídoto criado por DEUS para
combater a solidão: “Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma adjutora
que lhe corresponda” (Gênesis 2:18). O objetivo de DEUS, como vimos, é não
tornar o homem solitário. Então vamos aqui levantar alguns fatores porque isso
acontece em muitos casamentos hoje em dia e, também, “receitar alguns remédios”
para combater esse vírus, que tem destruído casamentos.
1) Idéia
errada de casamento – muitas pessoas nutrem o desejo de se casar, crendo,
infelizmente, que o casamento é uma etapa da vida isenta de tribulações e
dificuldades. Quando eu era menor ouvia muito dizer que “casar é viver um mar
de rosas”. Essa ideia equivocada de casamento é frustrada quando fortes
obstáculos surgem na vida do casal, o qual, por não ter construído antes uma
base conceitual real do matrimônio, logo deseja “pendurar as chuteiras”.
Observe o versículo: “as muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios
afogá-lo (...)” (Cantares 8:7). “Não poderiam...”, ou seja, podem, sim, abalar
o amor. A responsável por oferecer essa base aos jovens namorados e noivos é a
própria igreja, o ministério de família. Mas, infelizmente, em muitas
denominações o tema família está em segundo e terceiro planos, ofuscando a
importância do tema para a vida espiritual do cristão. Casamento, consciente
das dificuldades e do interesse de um ajudar o outro, é maravilhoso; mas não é
um mar de rosas. Os noivos precisam ser bem preparados com relação ao que vão
enfrentar adiante; antes de tomarem uma decisão que será única em suas vidas.
Precisam saber, por exemplo, que casamento não é apenas energia sexual
depositada e que só a morte pode destituí-lo. Muitos querem se casar achando
que, se não der certo, poderão buscar o caminho da separação e do divórcio como
alternativa, e se casarem de novo com outra pessoa. Um casamento pressupõe
agora compromisso com as coisas do mundo. Por essa razão, o apóstolo Paulo
escreveu: “de sorte que o que a dá em casamento faz bem, mas o que não a dá em
casamento faz melhor ainda” (1 Coríntios 7:38). Costumo dizer que o casamento é
a fase da vida mais bombardeada pelo diabo. Destruir as famílias é a meta
primeira do inimigo de nossas almas. Quando ele quebra o alicerce familiar,
toda uma estrutura vem abaixo, afetando pais, filhos, sociedade, igreja e
gerações. Certa vez ao participar de um noivado, eu perguntei aos noivos: “hoje
a referência espiritual que um tem do outro é a melhor possível. Mas os dois
estão preparados para, por exemplo, suportarem a infidelidade conjugal durante
o casamento?” Eu não quis levar uma ideia pessimista do matrimônio. Ao
contrário, meu objetivo foi despertá-los para uma possível realidade.
2) O casal
desconhece o papel de cada um no contexto familiar – como disse anteriormente,
depois de casados, e depois da lua-de-mel, e depois dos primeiros meses, aí vem
a realidade de uma maneira mais clara e decisiva sob as vistas, meio
frustradas, do homem e da mulher. Cada qual procura resolver do seu jeito os
problemas que vão surgindo. Algumas vezes até conseguem. Na maioria,
entretanto, esses problemas vão se tornando uma “bola de neve” e se juntando a
outros grandes problemas. As responsabilidades na vida do marido e da esposa se
misturam. Um termina, inconscientemente, assumindo o papel do outro. E para não
querer apresentar à igreja uma imagem de derrotados; de que o casamento
fracassou, simplesmente se isolam em suas torres de marfim. São casados; são
felizes, apenas na aparência. É uma vida de casados de hipocrisia, que, com
certeza, não conseguirá ir muito longe. A Bíblia diz claramente que a esposa é
a ajudadora do marido, e que este é o cabeça do lar, aquele que responde
sabiamente pelas decisões finais. DEUS não casa pessoas e os entrega ao
relento. DEUS é Pai zeloso: une e mostra todos os caminhos para a felicidade.
Durante o casamento as duas principais ordenanças de DEUS são rompidas: a
mulher em ser submissa ao seu marido; e o marido em amar a esposa como Cristo
amou a sua igreja. Quebradas essas ordenanças, o casal parece não mais falar a
mesma língua, vivem como adversários ou inimigos dentro de uma casa. Recordo-me
de uma esposa que tudo que ia fazer em prol do casal perguntava ao marido antes
se podia fazer. Ele, por outro lado, tratava-a como princesa. Essa união passou
a ser referência na sociedade e se refletiu nos casamentos dos filhos. Cada
qual se espelhou em seus pais, sabia bem o que deveria fazer, as
responsabilidades de um e de outro, o respeito à Palavra de DEUS. O contrário
dessa família também é verdade. Pais que não leem e não cumprem os conselhos de
DEUS provavelmente sucumbirão ao fracasso e constituirão gerações também
fracassadas.
3) A
dificuldade de conviver com as necessidades do outro – cada pessoa possui
necessidades emocionais, pessoais (profissionais, sexuais etc.) e espirituais.
Mas DEUS planejou para que todas essas necessidades fossem supridas dentro de
um contexto familiar. Quando um casal resolve se casar, dificilmente, pensa nas
necessidades um do outro, ainda menos, em como supri-las, resultando numa
infidelidade. Então, surge, na história do casal, uma “terceira pessoa”, que
não necessariamente é um homem ou uma mulher, mas a busca incessante por um
projeto pessoal, uma carreira, um sonho etc. Ambos começam a lutar pelos seus
sonhos de maneira individual, egoísta, e se afastam imperceptivelmente do sentido
da unidade familiar. Muitos dos casos que tenho recebido em palestras e em
atendimentos se referem à área sexual. Mas também já vi até filhos se tornarem
o motivo desse distanciamento. Alguns vínculos precisam ser construídos durante
o casamento: vínculo do respeito, da confiança, do amor e da intimidade. Se
algum desses vínculos foi quebrado, precisa urgentemente ser refeito. Não é
verdade que, quando se quebra uma vez o vínculo da confiança, é impossível
tê-lo outra vez. Com um pouco de esforço, interesse e determinação, é possível,
sim, confiar outra vez. A humildade é o ponto de partida disso. Se você ainda
tem a possibilidade de refazer os vínculos com o seu cônjuge, não perca mais
tempo. Chame-o para uma conversa, seja amável, humilde, diga que está disposta
ou disposto em construir uma nova história, deixando as coisas erradas do
passado para trás, antes que os problemas se tornem maiores e resultem em uma
separação.
Bem,
levantei apenas alguns fatores. Vejamos agora alguns conselhos:
1) Nunca perca
o sentido da unidade familiar. Embora seja natural que cada um tenha os seus
próprios sonhos, mas estes não podem ser um fator desagregador do casal. Eles
devem ser partilhados e correspondidos mutuamente;
2)O casal
deve participar sempre que puder de congressos e encontros destinados à
família. É uma maneira de reciclar, de inovar. A leitura de bons livros da área
também ajuda bastante. Deve também passear, viajar, estar juntos em outras
circunstâncias.
3)Pense que
sempre há solução para os problemas. Algumas vezes as dificuldades se tornam
eternas porque não sabemos como lidar com elas. Então, aqui, deixo como
alternativas o diálogo, a cumplicidade, a dedicação, a paciência, a amizade e,
enfim, o maior de todos, o verdadeiro Amor.
Muitas
pessoas dizem que a família é a prioridade maior de suas vidas, mas quando olho
para as suas agendas, vejo o quanto isso não é verdade. Há tempo e espaço para
tudo, menos para o essencial. Muitos estão correndo atrás do sucesso financeiro
e estão com sua família à beira do abismo. A vida familiar tornou-se uma
rotina; e DEUS Aquele a quem se busca esporadicamente nos cultos aos domingos,
quando se vai. É por isso que o maior companheiro não é o outro, mas a solidão.
Sem DEUS o casal não pode chegar a lugar algum. Daí a razão de, no texto de
abertura de nosso estudo, o autor falar em um cordão de três dobras, ou seja, a
presença de JESUS na vida do casal. A terceira dobra é JESUS solidificando a
relação a três. Onde JESUS está não há cordão que se arrebente nem lar que viva
em solidão. Ainda que o casal tenha toda a instrução da ciência; dos homens;
sem JESUS de nada adianta. Veja o que escreveu o apóstolo Paulo: “Agora
permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes é o amor”
(1 Coríntios 13:13). Que DEUS nos abençoe!
Autor:
Fernando César T. Alves
Fonte:
www.estudosgospel.com.br
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