O processo excitatório na mulher é refletido principalmente na
produção de lubrificação vaginal e a continuidade das sensações
somáticas corporais de prazer e satisfação.
Portanto quando a mulher
perde a capacidade de tal reação fisiológica, ela inibe a continuidade
do fenômeno das reações sexuais completas, até o orgasmo.
As causas físicas mais comuns são determinadas pela alteração da
produção do hormônio estrogênio, como exemplo o período da
pré-menopausa e da menopausa, em que o hipoestrogenismo leva a um
ressecamento vaginal impossibilitando a continuidade do ato sexual pela
mulher ou mesmo apresentando dor no intercurso, inibindo a cascata de
fatores de gozo. Em casos extremos, pacientes que são obrigadas a
submeterem-se a castração cirúrgica (retirada dos ovários) passam também
pelos mesmos sintomas.
Para restabelecimento da função, a paciente
necessita de avaliação ginecológica e uso supervisionado de hormônios,
tanto via sistêmica como creme vaginal de estrogênio, obtendo
normalmente um excelente resultado.
Oportunamente, gostaria de colocar aqui que, como ginecologista,
sou da corrente que defende o uso da terapia hormonal para a mulher na
menopausa, pois não é somente a questão sexual que está em jogo, mas
todo desempenho e função fisiológica pode melhorar com o uso racional
dessas drogas.
Alguns casos de vulvovaginite podem levar a alteração da flora
vaginal e acarretar dor, irritação e secura e podem agir como fator
inibitório da resposta sexual (já relatado no assunto dispaurenia).
FATORES PSICOGÊNICOS
Com certeza aqui se encontra o maior número de queixas e
problemas como causa de bloqueio excitatório. Descreveremos a seguir os
mais comuns:
Educação Sexual: com raízes repressivas ou religiosas (distorção
dos conceitos divinos encontrados na Bíblia). Agem como fatores
inibitórios da sexualidade, emergindo a associação de "sexo e pecado",
"sexo e proibição" etc..
Sentimento de Culpa: muito relacionado com a causa anterior,
traição dos pais, de conceitos, na grande maioria das vezes com o
envolvimento preponderante da figura paterna.
Rejeição da Figura Masculina: avaliação distorcida e falta de
confiança na figura masculina, da higiene do parceiro, (dentes mal
escovados, hálito de bebida ou cigarro etc.), mudança física após um
tempo de convivência (obesidade, por exemplo) e outras.
Distúrbios Diáticos (reações pessoais a fatores extrínsecos):
observado em casais com problemas de relacionamento, são conflitos
constantes. Tais conflitos podem emergir no período de excitação. A
mulher é propensa a guardar ofensas, pequenas intrigas e mágoas, o que
faz com que exista uma grande possibilidade de tais emoções e lembranças
ser despertadas no período de excitação.
Lembranças de fatores negativos do Passado: Algumas mulheres
vitimadas sexualmente são bloqueadas pela lembrança da vivência
destrutiva.
(Tratei de uma paciente vítima de seqüestro e abuso sexual por
dois delinqüentes. Essa mulher relatava que ela não conseguia
desassociar carícias da sensação de sujeira e de fedor, o que a
desabilitava para o ato sexual.)
Secundária Anorgasmia: Mulheres que têm valorização aumentada do
orgasmo e quando ocorre uma série de frustrações em atingir o ápice são
levadas a uma inibição retrógrada à excitação e posteriormente ao
desejo.
Outros: medo de engravidar, medo de doenças transmissíveis,
inadequação do local, distração (preocupação ou simples lembranças de
fatores do cotidiano), dívidas etc.. Kaplan dá uma visão da origem dos
problemas psicogênicos de uma forma bem ampla (fracasso ao empenhar-se
em comportamento sexual eficiente, incapacidade de entregar-se,
auto-observação obsessiva durante o ato sexual, defesas intelectuais
contra as sensações eróticas e falhas na comunicação).
Diante do que foi exposto, fica clara a importância de uma
investigação completa da história da mulher que sofre de distúrbio de
excitação. Ver onde ocorreu uma interferência negativa, e a partir daí
condicioná-la através de exercícios cognitivos a ter uma nova concepção
de valores em relação à fase excitatória, lembrando que é nessa fase que
ocorrem os carinhos, os estímulos sensoriais, o relaxamento e o namoro.
Portanto, se a mulher desejar realmente restabelecer seu fisiologismo
natural, ela deverá dissensibilizar-se dos fatores negativos.
Na busca de resolução da maioria dos distúrbios de qualquer fase da
cascata de emoções e sensações que envolvem a sexualidade, é necessário
passar por um processo de revalorização e mudança de conceitos sobre a
sexualidade, pois a grande maioria dos casos de disfunções é
conseqüência de distúrbios emocionais: a mulher, como o ser mais emotivo
da relação, acaba pagando um preço muito alto e ao mesmo tempo criando
mais revolta contra o parceiro, e este, por sua vez, apesar de
discussões, conflitos ou diferenças, normalmente não perde o desejo para
a realização do ato sexual.
Autor(a): Pr. Josué Gonçalves
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